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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Companhia das Letras lança os contos completos de Lima Barreto
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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Cultura e literatura muito além da Pólis
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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Uma visão sobre ensino e aprendizagem no Brasil atual
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Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!). A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro. O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares. Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática. No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando... E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.” Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno–cliente... Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.
Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.
Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos” e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;
EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;
EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;
EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;
EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundograu completo cresceu “tantos por cento”;
EU ACUSO os “cabeças–boas” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,
EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;
EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.
EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;
EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos-clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia. Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”. A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.” Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.
Prof. Igor Pantuzza Wildmann.
Doutor em Direito.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
II Seminário de Palestras História, Cultura e Sociedade (PPGH - UFCG)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE HUMANIDADES
UNIDADE ACADÊMICA DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL DO CURSO DE HISTÓRIA
II SEMINÁRIO HISTÓRIA, CULTURA E SOCIEDADE
Apresentação:
O II Seminário “História: Cultura e Sociedade” é uma iniciativa do Programa de Educação Tutorial do Curso de História da UFCG em parceria com o Programa de Pós- Graduação em História. O evento foi concebido com a finalidade de discutir a bibliografia indicada para a seleção do Mestrado turma/2011 e se configura como um espaço de integração e exercício intelectual articulando e promovendo uma reflexão acerca das duas linhas de pesquisa do programa: Cultura e Cidades e Cultura, Poder e Identidades.
PROGRAMAÇÃO:
DATA: 11/11/2010 (MANHÃ)
LOCAL: CENTRO DE EXTENSÃO JOSÉ FARIAS DA NÓBREGA – UFCG
Textos comuns:
Texto 01 - ARENDT, Hannah.”O conceito de História – Antigo e moderno”, in: _____. Entre o passado e o futuro, São Paulo: Perspectiva, 1992.p.69-121
Expositora: .Lauricéia Galdino (mestranda PPGH/UFCG)
Horário: 08:00 - 09:00
Texto 02 - GINZBURG, Carlo. “Introdução”, “Sobre Aristóteles e a História, mais uma vez”, in: ____. Relações de Força, São Paulo: Companhia das Letras, 2002.p.13-63
Expositor: Joachin de Melo Azevedo S. Neto (Mestre em Historia/UFCG)
Horário: 09:00 – 10:00
Texto 03 - RICOUER, Paul. “Prelúdio”, “Fase documental: a memória arquivada”, A representação historiadora”, in: ________. A memória, a história, o esquecimento, trad.: Alain François, Campinas-SP: Editora da Unicamp, 2007, p.145-192; 247-96. Expositor: Elton John da Silva Farias (mestrando PPGH/UFCG)
Horário: 10:00 -11:00
Espaço de diálogo
Horário: 11:00- 12:00
LINHA I
DATA: 11/11/2010 (TARDE)
LOCAL: AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA – UFCG
Texto 04 - CHALHOUB, Sydney. “Varíola, Vacina, ‘Vacinophobia’”. In. CHALHOUB, Sydney. Cidade febril: cortiços e epidemias na corte imperial. São Paulo: Companhia das letras, 1996.
Expositor: Deuzimar Matias (mestrando PPGH/UFCG)
Horário: 14:00 – 14:50
Texto 05 - BRESCIANI, Estela. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza, São Paulo: Brasiliense, 1994 (coleção tudo é história).
Expositora: Thaisy Lanny de Albuquerque (mestranda PPGH/UFCG)
Horário: 14:50 – 15:40
Espaço de dialogo 15:40 -16:00
Texto 06 - CARPINTÉRO, Marisa Varanda Teixeira & CERASOLI, Josianne Francia. “A cidade como história”, in: História: questões e debates, n.50, p.61-101, jan/jun, 2009. site: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/historia/article/view/15672/10413.
Expositor: Bruno Rafael de Albuquerque Gaudêncio (mestrando PPGH/UFCG)
Horário: 16:00 – 16:50
Texto 07 - LIMA, Luciano Mendonça de. “A comunidade escrava às vésperas do Quebra-quilos ou em busca das “raízes do efêmero”, in: ____. Derramando susto: os escravos e o Quebra-quilos em Campina Grande, Campina Grande-PB: EDUFCG, 2006.p.97-155
Expositor: Wlisses Estrela de A. Abreu (mestrando PPGH/UFCG)
Horário: 16:50 – 17:40
Espaço de diálogo
Horário: 17:40- 18:00
LINHA II
DATA: 11/11/2010 (TARDE)
LOCAL: SALA 15 _ CENTRO DE HUMANIDADES – UFCG
Texto 04 - HALL, Stuart. Quem precisa da identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.p. 103-133.
Expositores: Rosineide Alves Farias (mestranda PPGH/UFCG) e Welton Souto Fontes (mestrando PPGH/UFCG)
Horário: 14:00 - 14:50
Texto 05 - SAHLINS, Marshall. “A guerra da Polinésia com apologias a Tucídides”, in: _____. História e Cultura: apologias a Tucídides, Rio de Janeiro: Zahar, 2006.p.23-120
Expositora:.Michelly Cordão (Mestre em História/UFCG)
Horário: 14:50 - 15:40
Espaço de diálogo
Horário: 15:40 -16:00
Texto 06 - HARTOG, François. “Introdução”, “uma retórica da alteridade”, “o olho e o ouvido”, In: ________. O Espelho de Heródoto: ensaio sobre a representação do outro, trad.: Jacyntho Lins Brandão, Belo Horizonte-MG: Editora da UFMG, 1999, p.227-314.
Expositoras: Socorro Soares e Joselma Caetano (mestrandas PPGH/UFCG)
Horário: 16:00 - 16:50
Texto 07 - AGUIAR, José Otávio. “Introdução”, in: ______. A transferência da Corte portuguesa e a tortuosa trajetória de um revolucionário francês no Brasil: memórias e histórias de Guido Thomaz Marlière (1808-1836), Campina Grande-PB: EDUFCG, 2008
Expositora:. Catarina Buriti (Mestre em História/UFCG)
Horário: 16:50 -17:40
Espaço de diálogo
Horário: 17:40- 18:00
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Tropa de elite 2 ou o reflexo de uma democracia em ruínas
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Fica evidente, desde o primeiro filme, que as incursões de Capitão Nascimento e do fiel Matias ao submundo do crime, marcadas pela banalização da violência, organizado no Rio de Janeiro é apenas o estopim que acionam problemas estruturais bem maiores. Tropa de Elite 2 aprofunda essa tendência, colocando lado a lado o antagonismo de ponto de vista daqueles que reprimem o tráfico de drogas a mando do Estado, regido pela batuta de políticos metidos em transações nada decorosas, da mídia, de uma PM degenerada e corrupta e daqueles que alimentam aquela visão romantizada sobre os criminosos brasileiros, os taxando como vítimas de um sistema excludente.
Sobre as Ong´s pró-Direitos Humanos, eu acho bastante contraditório o fato da grande maioria dessas instituições serem financiadas aqui, no Brasil, pelo capital estrangeiro oriundo de países que são conhecidos pelo modo enérgico que suas forças policiais atuam e pela rígido código penal que rege as suas constituições, abrindo brechas, inclusive, para a pena de morte e para a condenação de menores de acordo com a gravidade dos crimes cometidos pelos mesmos. O fato é que uma nação jamais será uma potência enquanto continuar traumatizada pelo crime e pela violência. Isso parece interessar à essas Ong´s. Alguém acredita que trancafiar um sujeito por alguns anos em uma pocilga promíscua e infecta vai regenerá-lo? Eu também não acredito nisso, mas se alguém falar em fazer uma reforma presidiária na qual os presos sejam obrigados a trabalhar, de forma forçada, para sustentarem a despesa que dão aos cofres públicos e na qual nossos queridos menores infratores, protagonistas de assassinatos e crueldades das mais hediondas, que podem votar aos 16 anos, possam ser julgados como adultos, logo o pessoal das Ong´s correm em defesa para deixar as coisas como estão (indo de mal a pior).
Ao fim do filme, a platéia aplaudia tímida e um longo silêncio se fez entre o público que caminhava em direção as saídas do cinema. A atuação de uma Polícia Militar, corrompida, herança da Ditadura, que é impotente diante do crime organizado e que só é competente naquilo que fazia de melhor na época dos militares, ou seja: reprimir manifestações de insastifação popular e também a empreitada de pessoas que se arvoram em defender psicopatas genuínos, de chocar qualquer serial killer norte-americano, como se fossem os pobres coitadinhos da história é uma evidência do quanto a democracia vivenciada no Brasil é teatralizada, mutilada e demagógica. Democracia na medida em que sirva para atender os interesses de uma elite que não é militarizada, mas que sabe, bem mais do que a turma do Capitão Nascimento e dos traficantes, como usar o medo e a força bruta para fazer valer sua hegemonia.
Ao final do filme, a mesma impotência do Capitão Nascimento, sentida quando este afronta as forças maiores da corrupção e do tráfico de influência política, transformado de uma figura autoritária em, praticamente, quixotesca é a impotência de todos nós. Daí porque eu nunca tinha presenciado uma platéia sair de uma sala de cinema, na qual um filme aclamado estava sendo exibido, tão cabisbaixa.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Nos bastidores de "Ronda da noite" de Rembrandt
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Rembrandt realizava seus desenhos e pinturas com uma precisão cirúrgica. Para ele, ao imortalizar uma pessoa em um quadro, o contexto que a cercava deveria ser também relevante. Por isso, o pintor holandês representava seus modelos de acordo com a personalidade que achava que eles possuíam. Daí justificar porque quase sempre pintava as pessoas com cara de idiotas. Baixinho, atarracado e de personalidade forte, além do profundo abalo emocional que sofreu com a morte de sua esposa, Saskia, Rembrandt teve de lidar com o ostracismo e a miséria após perder o prestígio e proteção dos mecenas com à realização do quadro Ronda da Noite. Mas para muitos historiadores da arte, esse fato também foi fomentado devido ao estilo de pintar do artista, que já estava perdendo espaço nos salões de arte.
Fica essa dica de filme. Ronda da noite não é para ser visto apenas por amantes da arte. A trama policialesca que envolve todo o filme, as representações do cotidiano conturbado, bem humorado e dramático do pintor e a atuação genial de Martin Freeman como Rembrandt possuem todos os elementos que um bom filme precisa. Pode ser até que para uma pessoa ainda não iniciada no universo da interpretação das obras de arte, Ronda da noite sirva como estímulo para que essa pessoa busque realizar suas próprias interpretações sobre obras de arte. Êis aí um dos grandes méritos do filme de Greenaway.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Lançamento do livro Solfejo de Eros
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Sinfonia Imaginária
Ela põe um beijo fálico
Nas minhas têmporas de outrora.
Traz qualquer coisa de vertigem
Na epiderme do descontentamento cardíaco
Vejo esse vagido na madrugada :
é um demônio verde a levantar meu vestido.
Emudeçamos todo desassossego
Com amores dadaístas
Encharcados de absinto
Pairamos sob o mundo inimigo,
em metamorfose de gozo e xamanismo.
Está escrito no livro primeiro do Uivo que iluminou Buda:
minha vênus profética vulvando em teu falo que confabula
O inventário do tempo
Foi comungar no Cabaré Místico
É teu verso?
Delira-mo
Sem paletó de poeta pixote
derrama teu inaudito vinho de menino lírico.
Azulei para um verde em dó maior
Encontre-me aquém do verbo
Os ciganos esconderam a Loucura
no porta-seios da Musa
O pingente de gelo da Poetisa
Incendeia o céu de querubins
Sob o dossel do Silêncio
vejo-o enfim átomo
Infindo unido ao balé de meu delta
Os olhos do Sonho solfejam o delírio:
uma sinfonia imaginária para o amante metafísico.
Anna Apolinário