Seguidores

domingo, 17 de abril de 2011

II Congresso Nacional do Cangaço: Nordestes e Nordestinidades: histórias, representações e religiosidades

Em breve estarão abertas as inscrições de propostas de Grupos de Trabalho (GT), Minicursos (MC) e Oficinas (OF) que irão compor a programação da III Semana Regional de História e do II Congresso Nacional do Cangaço: Nordestes e nordestinidades: história, representações e religiosidades, a se realizar no Campus do CFP/UFCG na cidade de Cajazeiras/PB, entre os dias 24 e 29 de outubro de 2011.


As inscrições ocorrerão entre os dias 25 de abril e 27 de maio do corrente, exclusivamente via internet, conforme as instruções constantes na ficha de inscrição de propostas anexada a este e-mail e abaixo descritas:


1. É permitido apenas o envio de uma proposta de GT, MC e OF por proponente e um número máximo de 02 proponentes por atividade;


2. Os resumos das propostas deverão obedecer à seguinte formatação: texto justificado; fonte Times New Roman, tamanho da fonte 12; espaçamento entre linhas 1,5; dimensão: até 300 palavras, salvo em Word 97-2003 (ou compatível);


3. As propostas que não estiverem de acordo com as regras acima descritas serão automaticamente descartadas, assim como aquelas que chegarem fora do prazo estabelecido;

4. As propostas devem ser encaminhadas até o dia 27 de maio do corrente para o e-mail: propostas.cangaco@gmail.com;


5. Dúvidas e/ou contato, favor enviar mensagem para o e-mail:duvidas.cangaco@gmail.com.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Paul Ricouer e a história


Desde sete anos, este é o primeiro carnaval que passei distante de Campina Grande. Acompanhei apenas a programação pela web e, realmente, tive muita vontade de estar presente no já consagrado Encontro para a Nova Consciência, que acontece todos os anos. Trata-se de um evento que procura agregar, por meio de uma programação cultural, as pessoas que não são muito adeptas dos festejos tradicionais de Momo. Mas o que fazer para passar o tempo em uma cidade que ainda permanece como estranha, em muitos aspectos, para um forasteiro, como Florianópolis? Apesar de ter arriscado algumas incursões breves pelas áreas carnavalescas da urbe, ler me pareceu a coisa mais sensata.

A biblioteca da UFSC tem me proporcionado excelentes momentos. Antes do recesso de carnaval, pude pegar o livro História e verdade, do filósofo francês Paul Ricouer (1913 - 2005), publicado no Brasil em 1968, pela Editora Forense. Creio que seja bem importante perceber como Ricouer aborda a escrita da história a partir da ótica da filosofia da linguagem, motivado, sobretudo, por inquietações de ordem ética e como o citado pensador trouxe a tona para o debate sobre história e verdade, conceitos e posicionamentos que podem auxiliar os historiadores a resolverem diversos impasses teóricos próprios dessa forma de saber.

Segundo Ricouer, o historiador reconfigura o passado, coloca a questão da dívida histórica e moral entre mortos e vivos em discussão e abre expectativas para um futuro mais pleno, no qual os crimes e as formas de violência sofridas pelas pessoas no passado não se repitam. Quando o historiador atenta para a carga de intencionalidades que possui e o quanto elas afetam sua própria relação com seu objeto de pesquisa não está deixando de construir conhecimento, mas sim tomando consciência da dimensão humana de seu ofício. Esse senso de humanidade, ou sensibilidade, também presente no labor do escritor literário, encontra no plano textual um terreno fértil, pois se deve levar em conta que toda escrita, sendo antes de tudo, um artefato cultural, carrega implicações políticas.

Fica a dica de leitura para aqueles que almejam conhecer os textos desse grande filósofo contemporâneo, que teve a ousadia de repensar as relações entre História e Filosofia sem abrir mão de inserir no debate aquela velha questão do papel orgânico dos intelectuais, tão ridicularizada pelo ceticismo dito pós-moderno.

Referências:

RICOUER, Paul. História e verdade. Tradução de F. A. Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense, 1968.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O menino de engenho e o escrivão


O escritor paraibano José Lins do Rego ficou imortalizado como o autor dos romances que compõem a chamada literatura do ciclo da cana-de-açucar. Em obras canonizadas como Menino de engenho (1932), Doidinho (1933), Banguê (1934), O moleque Ricardo (1935) e Usina (1936) são evocadas imagens do cotidiano e das relações sociais de um Nordeste patriarcal que estava tendo seus pilares tradicionais de sustentação política e econômica corroídos pela chegada voraz da modernidade tropical. O romance Menino de engenho, por exemplo, pode ser lido como um testemunho que busca evocar as lembranças do dia-a-dia nas plantações de cana, marcado pela presença onisciente da figura do Senhor de engenho e de uma rotina de atividades extenuantes para os escravos e meeiros que trabalhavam no eito, as margens do rio Paraíba.

Após cumprir o estudos superiores em Recife, o autor mudou-se, em 1935, para o Rio de Janeiro onde passou a colaborar ativamente com a imprensa, em grandes jornais da época como os Diários Associados e O Globo. É justamente esse Lins do Rego jornalista que se dedicou tanto ao jornalismo literário - descrevendo o panorama intelectual que lhe foi contemporâneo - como ao esportivo, elaborando vários escritos sobre o futebol da época - uma das suas grandes paixões - que passa desapercebido no cenário literário nacional. Na obra Ligeiros traços (2007), publicada pela Editora José Olympio, cheguei a encontrar uma crônica chamada Lima Barreto, publicada na revista Dom Casmurro, em novembro de 1922, na qual Lins se refere ao escritor carioca como alguém que "foi a maior vocação do nosso romance" e que ao escrever sobre Lima se sentia desolado "em comentar uma vida que passou sem as honras e as distinções que merecia" (REGO, 2007, p. 247).

De fato, um dos espaços investigativos mais ricos que se abrem para quem quer compreender, profundamente, a obra de Lima Barreto é buscar mapear como o escritor, embora fosse rejeitado e silenciado pelos autos medalhões da Academia Brasileira de Letras, conseguiu despertar o interesse e a simpatia em escritores mais jovens, como o natalense Jaime Adour Câmara, o próprio José Lins do Rego, o carioca Gustavo Santiago ou o também conhecidissímo folclorista natalense Câmara Cascudo. O que me parece ser uma boa hipótese é que a forma simples, praticamente didática, que marca o estilo de Lima Barreto e as ironias que ele destinou aos partidários da República das Belas Letras atraiu a atenção desses então jovens intelectuais , que se identificaram com a forma dessacralizadora que o autor das Recordações do escrivão Isaías Caminha se referia aqueles graves senhores de cartola que sentavam nas cadeiras laureadas da ABL.


Referências:

REGO, José Lins do. Ligeiros Traços. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 2007.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Companhia das Letras lança os contos completos de Lima Barreto

A editora Brasiliense foi a pioneira em lançar as obras completas do escritor carioca Lima Barreto. Recentemente, pela Editora Agir, com organização de Beatriz Resende e Rachel Valença, em 2004, saíram dois grossos volumes, cada um com cerca de 500 páginas, com todas as crônicas do literato. Nesses dois volumes, ao longo da escrita de minha dissertação de mestrado, intitulada Uma outra face da Belle Èpoque carioca: o cotidiano nos subúrbios nas crônicas de Lima Barreto (2010), pude analisar o autor de Triste fim de Policarpo Quaresma enquanto um intérprete da modernidade carioca que, ao denunciar, por meio da escrita jornalística, a dimensão excludente do processo de modernização do Rio de Janeiro, dotou seus textos de uma atualidade desconcertante. No citado trabalho, umas das conclusões que cheguei é de que:

Ao tomar partido abertamente pelas causas políticas de vanguarda, – como o anarquismo e o socialismo humanitário – Lima Barreto idealizou uma literatura militante, comprometida com o desvelamento das distorções sociais, que eram estabelecidas para favorecerem as elites, e que alimentava uma profunda ternura em relação às dores e dificuldades vividas por marginais, trabalhadores, excluídos e perdedores.65 Em Todos os Santos, travou contato com todos esses personagens anônimos da história e construiu representações riquíssimas dos subúrbios cariocas; verdadeiras cartografias sentimentais da cidade, marcadas por uma linguagem afetiva que dotou os espaços urbanos destinados ao morar e conviver popular de uma profundidade psicológica própria. (AZEVEDO S. NETO, 2010, p. 133)

Enquanto me preparo para dar início aos estudos que irão culminar com a escrita de uma tese de doutorado, a ser defendida na UFSC, ando buscando o devido apoio para a publicação deste trabalho que, com certeza, foi realizado com o intuito de fornecer alguma contribuição para os círculos de debates sobre este escritor, acima de tudo, brasileiro. Bom, mas gostaria mesmo era de compartilhar, por aqui, o lançamento da Companhia das Letras: trata-se de uma edição com todos os contos do Lima, organizada por Lilia M. Schwarcz - importante antropóloga que vem estudando, dentro de uma perspectiva histórica, o papel e os discursos sobre os negros ao longo da história nacional. Cada conto escrito por Lima Barreto tem muito a revelar ao leitor sobre a sociedade brasileira de ontém e a de hoje, por isso não devem ser lidos pelos chamados burocratas da literatura, mas por aqueles que tem a consciência de que em uma realidade ainda tão díspare entre classes letradas e iletradas, como a de nosso país, o exercício da escrita deve correr na direção dos dramas cotidianos vividos pela grande maioria de nossa população.


Referências:

AZEVEDO S. NETO, Joachin de Melo. Uma outra face da Belle Èpoque carioca: o cotidiano nos subúrbios nas crônicas de Lima Barreto. Campina Grande: UFCG, 2010. Dissertação (Mestrado)

BARRETO, Lima, 1881-1922. Contos completos. organização e introdução de Lilia Moritz Schwarcz. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Cultura e literatura muito além da Pólis

Algumas semanas atrás eu acessei o site da Estante Virtual e resolvi encomendar o livro História, Literatura, Ficção do renomado estudioso da literatura Luiz Costa Lima. Fiz o pedido a um vendedor, cadastrado no site, chamado Valmir de Souza, que, prontamente, enviou o exemplar. Após receber o livro e depois de alguns e-mails, Valmir de Souza mencionou que estava se desfazendo de alguns livros que não usava mais e que atuava no Ensino Superior, tendo feito doutorado na Usp e publicado o livro Cultura e literatura: diálogos.

O livro me foi enviado pelo autor e creio que nada mais justo do que externar aqui as impressões gerais que me causaram. Para começar, venho dialogando também com alguns nomes que preenchem as referências bibliográficas da obra, como Walter Benjamin e Roger Chartier, para pensar essa questão da noção da cultura como um conceito despojado dos atavios de opulência e presunção que lhe são depositados pelas elites administrativas. A questão é que esses autores, juntamente, também com o nome do crítico literário Alfredo Bosi, nos ajudam a refletir sobre a cultura como um terreno movediço, no qual acontecem conflitos margeados por relações de força complexas. Entra em cena, assim, uma arena de estudos bem profícua quando se encara as disputas pela legitimação da ordem vigente e o direito a memória daqueles que tem suas formas artísticas de expressão silenciadas pelas políticas oficiais e oficiosas.

Mais do que uma conotação ligada ao puro deleite estético de uma classe social que encontra tempo para admirar galerias de arte e livrarias, a ideia de cultura plural e aberta perpassa uma discussão de ordem ética. Esses embates teóricos são desenvolvidos por Valmir de Souza de forma muito honesta. No entreato de suas análises, aparece o cenário urbano de Guarulhos na grande São Paulo: palco privilegiado para o estudo das tensões geradas por embates culturais, fermentados no seio de uma sociedade plural e diversificada, que, muitas vezes, marginaliza e marginalizou expressões artísticas e literárias ligados aos anseios e manifestações da criatividade popular, como o cordel, o repente, o coco, rap, hip hop etc. Em detrimento dessas manifestações, as elites administrativas favorecem a disseminação de eventos voltados para a chamada cultura erudita como se esse fato fosse suficiente para proporcionar a redenção dos habitantes da metrópole. Em relação a essa ilusão, basta lembrar, como os adeptos e protagonistas dessas manifestações são tratados, por vezes, com uma "crueldade simbólica difícil de se detectar" através de discursos oficiais e midiáticos.

Embora se volte para a discussão de projetos culturais voltados para a inclusão social e engajados com uma visão de arte multifacetada que foram promovidos em São Paulo, como o Pátria Amada Esquartejada e o Congresso Internacional de História, os textos de Valmir de Souza possuem uma abrangência nacional. Basta lembrar, como sugere o autor, no capítulo Violência e resistência na literatura brasileira, que "a violência é inimiga da liberdade com autonomia". Inclui-se aí a ideia de violência simbólica e também política. Em um contexto contemporâneo, margeado pela retórica da exclusão e da propagação dos preconceitos mais sórdidos, bem como da apologia dos comportamentos intolerantes e homogenistas, a obra Cultura e literatura: diálogos merece ser lida como um pontapé inicial para debates que respeitem a diversidade étnica, cultural e regional brasileira.

Referência:

SOUZA, Valmir de. Cultura e literatura: diálogos. São Paulo: Ed. do Autor, 2008.




quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Uma visão sobre ensino e aprendizagem no Brasil atual



Não costumo divulgar textos de terceiros por este blog. Recebi por e-mail uma espécie de libelo sobre a educação no Brasil bastante ferino e com algumas considerações, algumas margeadas por uma retórica saudosista e conservadora, bastante indignadas. A questão é que, exageros e tradicionalismos a parte, eu concordo em grande parte com as inquietações que motivaram o Igor Wildmann a escrever esse texto, mas não com todo o conteúdo de suas ideias. Por isso, segue abaixo as reflexões desse professor sobre os atuais quadros de ensino e aprendizagem brasileiros:

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!). A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro. O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares. Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática. No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando... E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.” Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno–cliente... Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.

Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:

EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;

EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos” e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;

EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;

EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundograu completo cresceu “tantos por cento”;

EU ACUSO os “cabeças–boas” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,

EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos-clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia. Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”. A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.” Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.

Prof. Igor Pantuzza Wildmann.

Doutor em Direito.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

II Seminário de Palestras História, Cultura e Sociedade (PPGH - UFCG)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE HUMANIDADES

UNIDADE ACADÊMICA DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL DO CURSO DE HISTÓRIA

II SEMINÁRIO HISTÓRIA, CULTURA E SOCIEDADE

Apresentação:

O II Seminário “História: Cultura e Sociedade” é uma iniciativa do Programa de Educação Tutorial do Curso de História da UFCG em parceria com o Programa de Pós- Graduação em História. O evento foi concebido com a finalidade de discutir a bibliografia indicada para a seleção do Mestrado turma/2011 e se configura como um espaço de integração e exercício intelectual articulando e promovendo uma reflexão acerca das duas linhas de pesquisa do programa: Cultura e Cidades e Cultura, Poder e Identidades.


PROGRAMAÇÃO:

DATA: 11/11/2010 (MANHÃ)

LOCAL: CENTRO DE EXTENSÃO JOSÉ FARIAS DA NÓBREGA – UFCG


Textos comuns:

Texto 01 - ARENDT, Hannah.”O conceito de História – Antigo e moderno”, in: _____. Entre o passado e o futuro, São Paulo: Perspectiva, 1992.p.69-121

Expositora: .Lauricéia Galdino (mestranda PPGH/UFCG)

Horário: 08:00 - 09:00


Texto 02 - GINZBURG, Carlo. “Introdução”, “Sobre Aristóteles e a História, mais uma vez”, in: ____. Relações de Força, São Paulo: Companhia das Letras, 2002.p.13-63

Expositor: Joachin de Melo Azevedo S. Neto (Mestre em Historia/UFCG)

Horário: 09:00 – 10:00


Texto 03 - RICOUER, Paul. “Prelúdio”, “Fase documental: a memória arquivada”, A representação historiadora”, in: ________. A memória, a história, o esquecimento, trad.: Alain François, Campinas-SP: Editora da Unicamp, 2007, p.145-192; 247-96. Expositor: Elton John da Silva Farias (mestrando PPGH/UFCG)

Horário: 10:00 -11:00

Espaço de diálogo

Horário: 11:00- 12:00


LINHA I

DATA: 11/11/2010 (TARDE)

LOCAL: AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA – UFCG

Texto 04 - CHALHOUB, Sydney. “Varíola, Vacina, ‘Vacinophobia’”. In. CHALHOUB, Sydney. Cidade febril: cortiços e epidemias na corte imperial. São Paulo: Companhia das letras, 1996.

Expositor: Deuzimar Matias (mestrando PPGH/UFCG)


Horário: 14:00 – 14:50

Texto 05 - BRESCIANI, Estela. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza, São Paulo: Brasiliense, 1994 (coleção tudo é história).

Expositora: Thaisy Lanny de Albuquerque (mestranda PPGH/UFCG)


Horário: 14:50 – 15:40

Espaço de dialogo 15:40 -16:00


Texto 06 - CARPINTÉRO, Marisa Varanda Teixeira & CERASOLI, Josianne Francia. “A cidade como história”, in: História: questões e debates, n.50, p.61-101, jan/jun, 2009. site: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/historia/article/view/15672/10413.

Expositor: Bruno Rafael de Albuquerque Gaudêncio (mestrando PPGH/UFCG)

Horário: 16:00 – 16:50


Texto 07 - LIMA, Luciano Mendonça de. “A comunidade escrava às vésperas do Quebra-quilos ou em busca das “raízes do efêmero”, in: ____. Derramando susto: os escravos e o Quebra-quilos em Campina Grande, Campina Grande-PB: EDUFCG, 2006.p.97-155

Expositor: Wlisses Estrela de A. Abreu (mestrando PPGH/UFCG)

Horário: 16:50 – 17:40

Espaço de diálogo

Horário: 17:40- 18:00


LINHA II

DATA: 11/11/2010 (TARDE)

LOCAL: SALA 15 _ CENTRO DE HUMANIDADES – UFCG


Texto 04 - HALL, Stuart. Quem precisa da identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.p. 103-133.

Expositores: Rosineide Alves Farias (mestranda PPGH/UFCG) e Welton Souto Fontes (mestrando PPGH/UFCG)

Horário: 14:00 - 14:50


Texto 05 - SAHLINS, Marshall. “A guerra da Polinésia com apologias a Tucídides”, in: _____. História e Cultura: apologias a Tucídides, Rio de Janeiro: Zahar, 2006.p.23-120

Expositora:.Michelly Cordão (Mestre em História/UFCG)

Horário: 14:50 - 15:40

Espaço de diálogo

Horário: 15:40 -16:00


Texto 06 - HARTOG, François. “Introdução”, “uma retórica da alteridade”, “o olho e o ouvido”, In: ________. O Espelho de Heródoto: ensaio sobre a representação do outro, trad.: Jacyntho Lins Brandão, Belo Horizonte-MG: Editora da UFMG, 1999, p.227-314.

Expositoras: Socorro Soares e Joselma Caetano (mestrandas PPGH/UFCG)


Horário: 16:00 - 16:50

Texto 07 - AGUIAR, José Otávio. “Introdução”, in: ______. A transferência da Corte portuguesa e a tortuosa trajetória de um revolucionário francês no Brasil: memórias e histórias de Guido Thomaz Marlière (1808-1836), Campina Grande-PB: EDUFCG, 2008

Expositora:. Catarina Buriti (Mestre em História/UFCG)

Horário: 16:50 -17:40

Espaço de diálogo

Horário: 17:40- 18:00